domingo, 11 de maio de 2014

A Batalha Ideológica da Legislatura

Como podemos, afinal, definir o grau de sucesso ou insucesso da governação que tem vindo a ser seguida? Quais os parâmetros que devemos colocar nos pratos da balança?

Uma coisa é certa, se os nossos parâmetros se basearem somente no rendimento dos portugueses e na capacidade estritamente política deste governo, então temos aqui uma verdadeira catacumba. Este governo tem uma enorme dificuldade de falar a uma só voz, de ser explícito na sua comunicação e parece uma autêntica creche infantil a lançar ideias para o ar, tais como que nunca mais volta a tocar nos impostos para depois acabar por o fazer, seja por iniciativa própria ou por impossibilidade institucional de seguir outro caminho (leia-se: chumbo do Tribunal Constitucional).

Ainda assim, não esqueçamos, que bizarrices é coisa mais ou menos natural de todos os governos. Basta recordar nas governações Sócrates das promessas não cumpridas, da meia dúzia de escândalos que envolveram o primeiro-ministro de então, das patéticas tentativas de exposição mediática e do culto da imagem que tanto preocupavam o Eng. Sócrates, das burlescas figuras de ministros como Mário Lino, Manuel Pinho ou até da ministra da educação Maria Lurdes Rodrigues.

Podemos, e acho que devemos, tentar ir mais a fundo para no meio dos disparates típicos de muitos governos (que naturalmente são ampliados pela comunicação social, deixando de lado a discussão verdadeiramente útil) perceber um pouco melhor aquilo que se vai passando no nosso País.

A Situação Portuguesa em 2011
Primeiro torna-se imprescindível perceber de onde viemos e para onde queremos ir. O executivo de agora teve pela frente talvez a situação mais complicada da democracia portuguesa:
  • Portugal decidiu pedir ajuda externa pela enorme dificuldade de se financiar de forma independente nos mercados a juros minimamente suportáveis.
  • Na impossibilidade de se financiar Portugal encontrava-se numa situação de pré-bancarrota. Havia dinheiro nos cofres do estado para 3 semanas!
  • O acordo para um empréstimo a juros razoáveis implicava um protocolo de contenção orçamental que seria minuciosamente vigiado pelos nossos credores, ou seja, a troika (banco central europeu; comissão europeia; FMI). Este acordo que implicava elevados cortes na máquina do estado, reformas estruturais e aumento de impostos foi assinado pelos partidos que estão agora no governo e também pelo PS.
Ou seja, as dificuldades, sacrifícios, perda de rendimento, dificuldade de conseguir emprego que iriam marcar os anos desta legislatura eram um dado adquirido em 2011, logo, nunca seriam culpa deste governo. O “culpado” de, numa empresa, se despedir trabalhadores ou baixar salários não é do gestor que batalha pela sobrevivência da empresa mas sim do anterior gestor que a deixou chegar à pré-falência.

A Ideologia “Esquerdista”
O maior partido da oposição decide então, e contrariando a sua assinatura com as medidas de contenção orçamental previstas com a troika (e lembro que o documento original previa mais cortes na despesa do que aqueles que foram praticados), que afinal não se podem aumentar impostos nem fazer cortes no estado, começando a construir a ideia de que é necessário mais estado e menos mercado, mais investimento e menos austeridade, sendo de algum modo conducentes com a ideia de que a continua violência dos cortes e aumento dos impostos levariam à destruição da economia portuguesa e a uma muito badalada “espiral recessiva”. Esta linha de pensamento não é exclusiva do PS mas de várias personalidades políticas (de todos os quadrantes, até Cavaco Silva se deixou seduzir por esta ideia) e não políticas. O resultado final seria um desastroso incumprimento das metas orçamentais, a quebra de confiança externa e um inevitável segundo resgate. Era assim apregoado como certo o falhanço deste executivo.

A Ideologia do Governo
A impaciência e a falta de estudo, por detrás da teoria da espiral recessiva, estão a produzir uma situação de grande perigo. 
O alívio da austeridade irá, na verdade, fazer demorar a retoma e impedir que se inicie, a seu tempo, um verdadeiro período de crescimento sustentado.” Avelino de Jesus, Economista e Professor no ISEG

O governo manteve a sua linha austera acreditando em algumas premissas como:
  • Recorrer à austeridade para conseguir uma diminuição do nosso défice de forma abrupta. Esta medida, embora agressiva, seria a única forma de revelarmos aos nossos credores, aos mercados e a todas as entidades internacionais a nossa seriedade e o nosso comprometimento em tornar o nosso País independente, sem necessidade de dinheiro externo todos os anos (défice) e ser capaz de aos poucos nas próximas décadas de reduzir fortemente a sua dívida total.
  • A diminuição do défice era imprescindível para ganhar a confiança dos mercados e deste modo conseguir diminuições acentuadas das taxas de juros. Condição imperativa para um regresso independente aos mercados sem necessidade de segundo resgate.
  • Que a austeridade levaria inicialmente a uma quebra da economia mas que, juntamente com uma reforma da legislação laboral com vista a diminuir a sua rigidez, conduziria a uma facilitada adaptação das empresas às dificuldades e uma inversão da situação de recessão para uma situação de início de crescimento económico, não havendo a tal “espiral recessiva”. Embora este ajuste da economia forçado pela austeridade, que naturalmente causou muitas dificuldades e falências, não ser de todo um caminho amigável, é preciso recordar que só foi feito deste modo abrupto por se ter deixado chegar Portugal à situação de emergência e pré-bancarrota que já se sabe (Para um melhor entendimento deste ponto aconselho a leitura do link das fontes).
O governo manteve a lógica de que uma situação muito difícil só se resolve com medidas muito difíceis. A oposição, respeitando toda a filosofia irrealista e facilitista do socialismo e imbuída de um keynesianismo sedento pelo intervencionismo, acreditou que tudo o que o governo fazia estava errado e insistia nas exatas medidas responsáveis pelo desmoronamento do país que culminou na necessidade do resgate.

Quase tudo o que José Seguro e outras personalidades da esquerda defendem (quando se percebe o que elas defendem..) seria o exato caminho da desgraça repetida por José Sócrates. O investimento público que o PS adora e o “mais estado e menos mercado” na melhor das hipóteses beneficiaria Portugal num pequeníssimo curto prazo mas não criaria nenhum retorno sustentável atirando o país para uma situação cada vez pior e com mais dívida recorrente dos investimentos feitos. Na realidade, e felizmente, Seguro não poderia seguir o caminho que defende se estivesse no governo devido à impossibilidade financeira e às imposições da troika, e ele próprio o sabe.

Os Resultados da Legislatura
Fazendo uma pequena síntese dos resultados da legislatura até agora temos:
  • uma saída do resgate bastante tranquila.
  • uma população, no geral, com menores rendimentos.
  • um saldo positivo da balança corrente e de capital como não se via há décadas.
  • uma imagem e confiança no exterior totalmente alterada para melhor desde bancos internacionais, agências de rating, diminuição das taxas de juros, entre outros.
  • uma diminuição do desemprego a partir de certa altura, embora a taxa de desemprego esteja superior a 2011.
  • uma inversão positiva na economia, ainda que ténue.
  • a ausência de varias reformas estruturais que foram prometidas.
  • se hoje ficássemos repentinamente sem crédito externo teríamos dinheiro para mais de 1 ano. Na altura do resgate tínhamos dinheiro para pagar 3 semanas de ordenados da função pública.
Mais do que achar se os resultados conseguidos são razão para contentamento ou não dos portugueses, se quisermos ser intelectualmente sérios temos que no mínimo admitir uma vitória empírica da ideologia praticada por este executivo. A ideologia não absolvia os portugueses das dificuldades mas “prometia” uma inversão económica, uma correção do défice e uma saída da troika sem necessidade de segundo resgate.



Fontes: http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/avelino_de_jesus/detalhe/o_esplendor_da_teoria_da_espiral_recessiva.html

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Este governo é despesista?

José Sócrates no seu comentário da RTP veio “esclarecer” os portugueses que afinal este governo PSD-CDS endivida ainda mais o País do que ele próprio o fez. Efetivamente houve uma continuação de despesas anuais em 2011 (ano em que PSD-CDS formam governo) e anos seguintes que foram abusivas e que continuaram a elevar fortemente a dívida pública.

Como se explica então que uma política de contenção orçamental profunda que tem vindo a ser realizada desde 2011 e que tem permitido os défices públicos baixarem possa se traduzir em um contínuo forte aumento da dívida pública?

O seguinte gráfico ilustra bem quais os défices praticados nos últimos anos (a vermelho) e o aumento anual real da dívida pública (a azul = défice + despesas extraordinárias ou défice - receitas extraordinárias):



Dividaedefice
Nota: A legenda do eixo vertical deveria ser "mil Milhões de euros". Fonte: Pordata, Banco de Portugal, por Carlos Guimarães Pinto (1)


















A verdade é que os gastos extraordinários para além do défice que foram necessários a partir de 2011 foram para regularizar muitos dos desequilíbrios deixados pelo próprio governo de José Sócrates:

“Sócrates tem razão quando diz que a dívida subiu bastante imediatamente após a sua saída do governo. Mas não deve esquecer que esta é, maioritariamente, a sua dívida. A dívida que Sócrates escondeu através das PPPs, dos calotes a fornecedores, do esvaziamento das reservas de segurança do estado que quase deixaram o país sem capacidade de pagar salários e pensões, e do caos em que as políticas do seu governo deixaram o sistema bancário. Carlos Guimarães Pinto (1)*

É importante perceber que estas despesas extraordinárias já estariam pré-destinadas a acontecer aquando se deu o acordo de ajuda financeira com a troika (é por isso que foi preciso pedir tanto dinheiro), ou seja, no final do Governo Sócrates, não sendo por isso, nunca, uma responsabilidade do Governo que o sucede. Note-se ainda que alguns destes gastos extraordinários são situações pontuais e não um problema estrutural. Um problema estrutural é a despesa corrente nas administrações públicas que obriga todos os anos a défices elevados. E no que toca a essa despesa é claro para qualquer pessoa atenta que este Governo é tudo menos despesista, e seria ainda menos despesista se não fossem certas decisões do Tribunal Constitucional que obrigaram o Governo a diminuir os défices pelo lado do aumento de impostos.

Podemos ver na tabela seguinte que, na realidade, desde 1995 até ao último ano que nos é apresentado (2012), só em 2011 se começou a conter o constante aumento das despesas. Este governo não é despesista, pelo contrário, é o único desde há muitos anos que travou o despesismo:


Administrações Públicas: Despesas, Receitas e Défice Público


































José Gomes Ferreira, aquando da saída de Vítor Gaspar do executivo, fez um comentário em que defende o ex ministro das finanças e onde revela a sua visão da política anti-despesismo que caracteriza este Governo:


"os erros e os falhanços de previsões de Vítor Gaspar são incomparavelmente menores do que o valor para o conjunto do País do que foi a correcção da despesa do estado feita até agora e da correcção da nossa conta externa feita até agora, são valores incalculáveis e as pessoas ainda não tomaram bem consciência disso" José Gomes Ferreira  

Este Governo tem sido, dentro dos possíveis, um freio no despesismo que crescia todos os anos de forma galopante na máquina do estado. As declarações do ex-primeiro ministro José Sócrates são verdadeiras em objetividade fatual mas são falsas quando aponta os culpados.



*Para uma melhor compreensão acerca das despesas extraordinárias que foram feitas a partir de 2011 ver link (1) das Fontes.

Fontes:
(1) http://oinsurgente.org/2014/02/03/a-falacia-do-aumento-da-divida-publica/
(2) http://www.pordata.pt/Portugal/Administracoes+Publicas+despesas++receitas+e+defice+publico-809






domingo, 22 de dezembro de 2013

O Tribunal Constitucional

No rescaldo de mais um chumbo do Tribunal Constitucional é costume ouvir-se agora falar na inflexibilidade da Constituição Alemã e que por superficial comparação dizemos que a nossa Constituição também tem de ser cumprida. Refiro “superficial comparação” porque de facto não me parece correto comparar um País que é a maior potência económica da Europa com um País que não foi capaz de se auto gerir e que teve de ser intervencionado com ajuda financeira.
Curto e grosso, a Alemanha é uma potência mundial, Portugal é um pedinte sem capacidade de se auto sustentar. Se hoje discutimos se devemos cortar mais aqui ou mais ali é porque tivemos a ajuda financeira da Troika, sem esta ajuda não estávamos a discutir onde se cortava. Estaríamos simplesmente numa situação de caos em que não haveria dinheiro algum para muitos dos portugueses que trabalham para o estado ou dele beneficiam.

Os portugueses costumam dizer (não sei se outros povos também o dizem) que “em tempos de guerra não se limpam armas”. Portugal atravessa efetivamente uma fase muito complicada da sua história e é importante perceber que em situações extraordinárias são necessárias medidas extraordinárias. Em 1983, ano em que também fomos intervencionados com ajuda financeira pelo FMI, o Tribunal Constitucional pareceu perceber que o nosso País não estava em condições de dificultar certas medidas que se impunham importantes e que o nosso credor da altura (o FMI) achava necessárias:

“a retroactividade pode ser de todo reclamada e tornada necessária para a consumação dos objectivos da Constituição e para a realização do tipo de sociedade que ela visa” Acórdão do TC de 1983

Hoje, pelo contrário, temos um Tribunal Constitucional que não percebe que somos um País que infelizmente se teve de sujeitar a ajuda especial e que não deveríamos estar em posição de constantemente ir contra certas medidas de controlo orçamental que são acordadas entre o Governo e aqueles que, no fundo, nos impediram de chegar a uma situação calamitosa.

E porquê?   
Porque se não queríamos cá a Troika, ela não tinha vindo! Fomos nós que estendemos a mão!
Porque só se devem reger pelas suas próprias regras aqueles que se auto sustentam!
Porque ser pedinte não combina com ser inflexível. A inflexibilidade é um privilégio dos independentes!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O ponto crítico do debate da Nação

 “O peso da despesa pública levará em poucos anos ao colapso do estado com pesadas consequências para todos mas em especial para mais de 4,5 milhões de indivíduos que vivem diretamente do estado” Medina Carreira, Janeiro de 2005

Podemos nos referir a ponto crítico como um qualquer valor mensurável que determina uma viragem significativa nos resultados que desejamos. Como exemplo, podemos ter um produtor de laranjas que calculou que o valor crítico a que vende as suas laranjas seja de 20 cêntimos por cada quilo, ou seja, que só a partir daquele valor poderá começar a extrair lucro. Se o preço de mercado da laranja estiver a menos de 20 cêntimos o nosso produtor vai ter que mudar de ramo, pois, para ele, o custo de produzir as laranjas torna-se superior à receita que consegue com a sua venda.

No debate (e berreiro) que atualmente existe em Portugal, existe também um ponto crítico, um ponto a partir da qual faz sentido a discussão, um ponto a partir do qual começamos a usar a razão. Há, como diz o anúncio, uma linha que separa aqueles que de algum modo entendem o que se passa no País daqueles que não têm nenhuma ou quase nenhuma noção da realidade em que se encontram.

O ponto crítico a que me refiro é, e sublinho, a inevitabilidade de cortes no estado. Não interessa que quem governe seja o Passos Coelho ou José Seguro, não interessa que seja o PS, o PSD, o CDS ou a CDU, não interessa se sou eu, você ou o seu vizinho e, nota-se, também não interessa se é justo ou injusto. O que mais interessa é a realidade que temos e o que podemos fazer a partir daqui. Portugal recebe dos impostos cerca de 74 mil milhões de euros (M €) e tem como despesa perto de 82 mil M €. Todo o dinheiro necessário que se precisa pedir emprestado para cobrir a totalidade da despesa determinará o deficit anual, que em valores absolutos anda, portanto, perto dos 8 mil M €. Podemos mais ou menos faccionar a despesa do estado essencialmente por:
- Juros da Divida: 7,5 mil M €
- Caixa Geral de Aposentações; Segurança Social (reformas e outras ajudas): 37 mil M €
- Saúde: 8 mil M €
- Educação: 7,5 mil M €
- Gastos com os Municípios: 9 mil M €
- Defesa Nacional: 4 mil M €
- Órgãos de Soberania: 1,2 mil M €
- Justiça e alguns Investimentos na economia: cerca de 6 mil M €

Qualquer governante que se encontre à frente dos destinos do País deverá atuar na raiz do problema que levou Portugal a se tornar um País endividado e considerado como um País incapaz de pagar a sua dívida (o acumular dos vários deficits anuais ao longo de vários anos) e que culminou na impossibilidade de financiar o nosso deficit no estrangeiro, “obrigando” assim à intervenção da Troika que nos veio emprestar dinheiro mas que, claro, nos vigia de perto e que acaba por ter a última palavra nas decisões económicas e financeiras do País (perda de soberania).

Raiz do problema essa que foi o crescimento galopante da máquina do estado (despesa do estado) que não foi acompanhado por semelhante crescimento económico.

As imagens seguintes revelam, de alguma forma, como sucedeu o crescimento da despesa do estado.






É de notar que entre 1995 e 2005, a despesa do estado teve um aumento de 35 mil M € sucedendo-se depois entre 2005 e 2011 um aumento na ordem dos 12,5 mil M €. Como já foi referido, o crescimento económico que Portugal atravessou, principalmente desde 2002, não acompanhou o crescente aumento da despesa do estado, resultando assim em elevados deficits anuais que atiraram Portugal para a situação precária em que se encontra.

No gráfico (segunda imagem) podemos notar que há uma evidente tendência na despesa referente à segurança social, estando o crescimento da despesa total do estado fortemente ligada ao crescimento da despesa com as prestações sociais.

Deparamos-nos assim com 4 hipóteses:
  1. Voltar ao escudo, deste modo controlamos a moeda e o estado paga tudo o que tem para pagar aos seus funcionários públicos sem necessitar de pedir emprestado. Naturalmente dar-se-á uma forte inflação e o dinheiro que os funcionários do estado levam para casa será uma ninharia quando se depararem com a subida dos preços de todos os produtos. A passagem brusca na situação atual para o escudo traria ainda outras agravantes, como uma desvalorização tremenda da nossa moeda, entre outros.
  2. Aumentar Impostos para arrecadar mais receita mas note-se que atingimos já uma vergonhosa quota tributária que asfixia a economia, que afasta investidores, que desmotiva o empreendedorismo. Como alguns peritos dizem, no que toca a impostos, chegamos também a um ponto crítico, em que as receitas a mais que se vai arrecadar com o aumento dos impostos serão progressivamente inferiores. Está é uma opção que mata a economia, e é a economia, as empresas privadas e os trabalhadores dessas empresas que sustentam Portugal.
  3. Apostar no crescimento económico, esta é a opção que faz todos sorrir e ficar com os olhos a brilhar, nada soa melhor do que “apostar no crescimento económico” ou “investir na economia” e na realidade o crescimento económico é de facto a questão fulcral para nos tornarmos sustentáveis. O grande problema reside no facto de que as mudanças estruturais para se dar um crescimento económico sério e contínuo levam tempo, e que Portugal não pode se endividar ainda mais com o pretexto de querer rapidamente um crescimento económico estrondoso. Nós não temos dinheiro para pagar aos funcionários públicos, muito menos teremos para investir desalmadamente. Nota-se ainda que esse investimento seria feito num País que já provou que investe mal, ou seja, o mais certo seria não termos retorno para pagar a divida que íamos contrair em investimento. O crédito ao investimento deve acompanhar as mudanças estruturais que se vão fazendo para que as nossas empresas possam investir bem e com capacidade competitiva.
  4. Corte na despesa do estado, aquilo que resta a qualquer pessoa, grupo, empresa ou País que é pobre. Diminuir ao máximo possível as suas despesas enquanto tenta achar um caminho que leve ao crescimento económico e à entrada de dinheiro em Portugal.


Podemos então, a partir deste ponto, do reconhecimento que temos todos de poupar, que temos de diminuir gradualmente a despesa de um estado que pesa em demasia nas costas das nossas empresas e seus trabalhadores, começar a discutir algo de útil e concreto para a o nosso País.

Fontes: 
- www.omeuorcamentodoestado.com
- da Cunha, Jorge Correia, and Cláudia Braz. "A EVOLUÇÃO DA DESPESA PÚBLICA: PORTUGAL NO CONTEXTO DA ÁREA DO EURO."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_de_Portugal





 



Pinhal de Eucaliptos - O regresso

Foi criado em 2010 mas rapidamente foi deixado ao abandono. O blogue regressa hoje à atividade! Sejam bem vindos!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Afinal o que faltou a esta Selecção?

Falta de ambição de Queiroz, erros tácticos, forma errada de abordar o jogo, a presença de Ricardo Costa e Pepe a titulares, substituições tardias e erradas. Muitas são as críticas que podemos dirigir ao seleccionador nacional. Mas a responsabilidade não pode ser somente atribuída a ele, apesar de ser crítico em relação à sua prestação e achar que ele não tem condições para continuar à frente da selecção (profunda tristeza e raiva me assolaram quando li que ele vai continuar no cargo), para mim Queiroz não é o único culpado.

Cristiano Ronaldo: o melhor do mundo, a estrela que resolve jogos, pena que esse não joga na selecção, em vez dele temos um puto mimado que chuta para onde está virado, falha passes e é incapaz de criar uma situação de jogo. Simão: uma sombra do que já foi. Deco: acho que ele já tinha abandonado a selecção há muito, apenas não tinha percebido isso.

As principais referências de Portugal não só realizam exibições extremamente pobres, mas também demonstram uma total falta de entrega, motivação, capacidade de liderança e essencialmente orgulho em jogar por Portugal. Por outro lado os novatos, como Eduardo e Coentrão são exemplos a todos os níveis. Pergunto-me se não seríamos muito mais fortes sem alguns dos “intocáveis” da selecção.

Quanto à questão dos brasileiros na selecção, não acho que seja um caso de perda de identidade, apenas mais um resultado da crescente tendência da globalização, e quanto à entrega e motivação, vejo mais profissionalismo, entrega e vontade em ser Português em Pepe e Liedson do que em muitos outros jogadores.

O mau ambiente que se especula, reforçado pelas declarações de Ronaldo e Deco, são outro exemplo da falta de profissionalismo e entrega de alguns jogadores e da incapacidade de Queiroz em dirigir uma equipa, algo que já se tinha visto quando ele treinou o Real Madrid.

O caso Nani ainda hoje está envolto em mistério, mas segundo algumas fontes que possuo (não me é possível confirmar isto, é possível que seja apenas mera especulação) o jogador terá se envolvido numa altercação com Simão Sabrosa, chegando mesmo a haver violência física, e Ronaldo aparentemente terá estado envolvido também, mas com o intuído de separar os colegas, o que terá contribuído para um mau ambiente no seio do grupo, e particularmente entre Simão e Ronaldo, algo que chegou a ser referido nos jornais. Esta situação explica o súbito afastamento de Nani, o seu silêncio e aparente mágoa, e caso seja verídico é mais um exemplo da falta de profissionalismo, indisciplina, imaturidade e egocentrismo de alguns jogadores, aliado à incapacidade do professor Carlos Queiroz em lidar com uma equipa de estrelas.

Eu acho que necessitamos de uma séria reestruturação no futebol português, a começar pela saída de Queiroz, e de alguns elementos chave na federação Portuguesa. Haver uma maior transparência no discurso e objectivos claramente definidos. Começando pelo incentivo ao nível dos clubes para promover a formação de jogadores Portugueses e criação de novas academias. A valorização dos jogadores nacionais e do futebol Português, quer ao nível da selecção quer ao nível dos clubes são fundamentais.

Acabar com o vedetismo que rodeia a equipa, fomentado pelos meios de comunicação, que em nada contribuem para o fortalecimento da equipa, mas contribuem para situações cómicas como o facto de Ronaldo ter sido considerado o melhor em campo nos três jogos da fase de grupos, algo que até foi comentado e criticado por adversários. E simplesmente convocar/jogar com os melhores jogadores, com aqueles que apresentam melhores condições para ajudar Portugal e não aqueles que têm nome e vendem camisolas.

Adiós

Acabou o sonho africano! Mais uma vez, dizemos adeus a uma competição com a clara sensação que podíamos ter feito mais.

A eterna promessa de uma vitória, ou pelo menos uma campanha que nos deixasse orgulhosos voltou a ser desfeita.

Após a esmagadora vitória sobre a Coreia, até os mais pessimistas começaram a sonhar, e as expectativas em redor da selecção cresceram exponencialmente.

A exibição contra a Espanha foi débil e patética, especialmente em termos ofensivos e após termos sofrido o golo, mesmo tendo em conta o poderio do adversário e até algum azar que tivemos no jogo (golo em fora de jogo e algumas situações de golo falhadas). Custa-me ver uma das melhores selecções do mundo (3º no ranking da fifa aparentemente) a dar por completo o controlo do jogo ao adversário, que no caso da Espanha é apenas a sua mais poderosa arma, o controlo e circulação de bola.

Como bónus a inaptidão de Portugal em realizar o mais simples contra-ataque era evidente, especialmente devido à inutilidade que foram Ronaldo e Simão, não fosse as incitativas individuais de alguns jogadores, essencialmente Coentrão, nem tínhamos chegado à baliza adversária.

Mas há que reconhecer trabalho, a capacidade defensiva de Portugal foi notável, conseguindo anular o poderio Espanhol em largos períodos do jogo, mas a Espanha sempre faminta por mais mexeu na equipa enquanto que Portugal parecia contentar-se com o empate. A Espanha com uma equipa mais perigosa, total domínio territorial e da posse da bola , aliado à incapacidade de Portugal em segurar a bola, deixava antever o resultado.

Os principais destaques deste mundial vão naturalmente para Eduardo e Fábio Coentrão, que calaram por completo os críticos, realizando exibições fantásticas e muito regulares. Especial destaque também para os centrais, Ricardo Carvalho e Bruno Alves, muito seguros, foram os principais responsáveis pela segurança defensiva de Portugal. Ainda faço uma menção a Raul Meireles que apesar de achar que podia ter feito mais, para mim foi sempre o mais lutador do meio campo Português.